segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Aquele paletó

Era sábado, horário de almoço. Ele estava todo arrumado. Nós chegamos, e como de costume, ele já foi deixando suas coisas em cima da mesa: celular, chaves, carteira. A carne assada começou a cheirar, enquanto ele comia biscoitinhos de goiaba. Não sabia esperar, era sempre guloso. Em tudo. Ficamos esperando a comida ficar pronta, assistindo televisão. Um programa super interessante, onde crianças tentavam mostrar seus talentos, que na verdade, eram ensinados pelos pais. Ou seria, adestrados? Enfim...
Almoçamos. E ele sempre fazendo gracinhas e caretas, e eu tentando ficar séria. Voltamos a ver o programa. Até que eu percebi que ele não estava mais com o paletó. Claro, estava muito quente, e dois ventiladores não eram o suficiente. Mas onde foi parar o paletó? Aquele. Aquele que o deixava lindo. Todo charmoso.
Recebi uma ligação. Era minha amiga, choramingando a internação da sua cadela. Nos chamou pra ir até lá visitá-la. Saindo da sala, dei de cara com a mesa onde almoçamos e dei de cara com o paletó pendurado na cadeira. Pensei, desesperada, que ele não podia se lembrar de pegá-lo. Por sorte ele nem percebeu e fomos fazer a visita na casa da minha amiga.
Meu coração batia forte só de pensar na hora de ir embora de lá e voltarmos pra minha casa, onde ele teria mais uma oportunidade de levar aquele paletó embora.
Voltamos. E eu fui me arrumar para sairmos. Pensei: agora ele vai levar, agora não tem mais jeito. Demorei muito. Pensei em várias formas de esconder, de sumir com o paletó. Porém ficava com medo dele sentir falta e eu ficar com cara de uma maníaca, ladra de paletós. Fomos saindo e eu quase fazendo uma barreira na frente pra que ele não pudesse ver. Até que ele perguntou de como iríamos sair naquele calor e ele vestindo o paletó. Respondi rápido que ele pegava depois, quando voltássemos. Quase que minha "desculpa" foi levada embora.
Saímos, e tirando a parte em que fomos assaltados no meio do nosso caminho, eu não conseguia tirar aquilo da minha cabeça.
Ele me levou pra casa e a minha sorte foi que não entramos. Ele não viu seu paletó de novo. Ele não se lembrou. Ele deixou comigo. Ele não levou a minha "desculpa". E foi embora. Cinco dias. Longe. E eu fiquei maravilhada.
Cinco dias podendo ter o paletó só pra mim. Cinco dias podendo ter a "desculpa" de ter o cheiro dele só pra mim.
Eu ficava irritada com ele longe. Toda quinta-feira tinha crise de briga. Toda, sério mesmo. E nessa semana, eu ia poder ter o cheiro dele. Aquele cheiro e aquele paletó.
Mas sabe o que mais eu desejava? O próximo sábado, em que o cheiro ia estar mais forte. E que eu ia senti-lo, do seu próprio corpo.

6 comentários:

  1. aaaa q sdds senti de tuas palavras!

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  2. Que talento incrível você tem para escrever menina, estou apaixonado! Visitarei seu blog mais vezes, sucesso!

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  3. muito, muito, muito bom mesmo.....não senti falta de paletó, mas de suas boas palavras sim, bom te ler novamente.

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  4. Adorei seu texto, não deixe de escrever! *-*'

    Segue? http://izabellyribeiro.blogspot.com/

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  5. epa! tá viva...

    obrigado pela visita, pelo comentário. feliz por ter sentido todo aquele pequeno conto mínimo...

    ;)

    beijos e volte!

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  6. rafaela!

    obrigado pela visita ali no novo canto, fico muito contente em saber que gostou e tudo mais.

    volte, heim!

    beijos!

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