Aquele paletó
Era sábado, horário de almoço. Ele estava todo arrumado. Nós chegamos, e como de costume, ele já foi deixando suas coisas em cima da mesa: celular, chaves, carteira. A carne assada começou a cheirar, enquanto ele comia biscoitinhos de goiaba. Não sabia esperar, era sempre guloso. Em tudo. Ficamos esperando a comida ficar pronta, assistindo televisão. Um programa super interessante, onde crianças tentavam mostrar seus talentos, que na verdade, eram ensinados pelos pais. Ou seria, adestrados? Enfim...
Almoçamos. E ele sempre fazendo gracinhas e caretas, e eu tentando ficar séria. Voltamos a ver o programa. Até que eu percebi que ele não estava mais com o paletó. Claro, estava muito quente, e dois ventiladores não eram o suficiente. Mas onde foi parar o paletó? Aquele. Aquele que o deixava lindo. Todo charmoso.
Recebi uma ligação. Era minha amiga, choramingando a internação da sua cadela. Nos chamou pra ir até lá visitá-la. Saindo da sala, dei de cara com a mesa onde almoçamos e dei de cara com o paletó pendurado na cadeira. Pensei, desesperada, que ele não podia se lembrar de pegá-lo. Por sorte ele nem percebeu e fomos fazer a visita na casa da minha amiga.
Meu coração batia forte só de pensar na hora de ir embora de lá e voltarmos pra minha casa, onde ele teria mais uma oportunidade de levar aquele paletó embora.
Voltamos. E eu fui me arrumar para sairmos. Pensei: agora ele vai levar, agora não tem mais jeito. Demorei muito. Pensei em várias formas de esconder, de sumir com o paletó. Porém ficava com medo dele sentir falta e eu ficar com cara de uma maníaca, ladra de paletós. Fomos saindo e eu quase fazendo uma barreira na frente pra que ele não pudesse ver. Até que ele perguntou de como iríamos sair naquele calor e ele vestindo o paletó. Respondi rápido que ele pegava depois, quando voltássemos. Quase que minha "desculpa" foi levada embora.
Saímos, e tirando a parte em que fomos assaltados no meio do nosso caminho, eu não conseguia tirar aquilo da minha cabeça.
Ele me levou pra casa e a minha sorte foi que não entramos. Ele não viu seu paletó de novo. Ele não se lembrou. Ele deixou comigo. Ele não levou a minha "desculpa". E foi embora. Cinco dias. Longe. E eu fiquei maravilhada.
Cinco dias podendo ter o paletó só pra mim. Cinco dias podendo ter a "desculpa" de ter o cheiro dele só pra mim.
Eu ficava irritada com ele longe. Toda quinta-feira tinha crise de briga. Toda, sério mesmo. E nessa semana, eu ia poder ter o cheiro dele. Aquele cheiro e aquele paletó.
Mas sabe o que mais eu desejava? O próximo sábado, em que o cheiro ia estar mais forte. E que eu ia senti-lo, do seu próprio corpo.
aaaa q sdds senti de tuas palavras!
ResponderExcluirQue talento incrível você tem para escrever menina, estou apaixonado! Visitarei seu blog mais vezes, sucesso!
ResponderExcluirmuito, muito, muito bom mesmo.....não senti falta de paletó, mas de suas boas palavras sim, bom te ler novamente.
ResponderExcluirAdorei seu texto, não deixe de escrever! *-*'
ResponderExcluirSegue? http://izabellyribeiro.blogspot.com/
epa! tá viva...
ResponderExcluirobrigado pela visita, pelo comentário. feliz por ter sentido todo aquele pequeno conto mínimo...
;)
beijos e volte!
rafaela!
ResponderExcluirobrigado pela visita ali no novo canto, fico muito contente em saber que gostou e tudo mais.
volte, heim!
beijos!